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Foto do escritorRaquel Caldeira

Burnout - A Nova Epidemia?

Atualizado: há 5 dias

Nos últimos tempos, o Burnout tem sido um tema amplamente discutido, especialmente após o Dia Mundial da Saúde Mental, celebrado a 10 de outubro. Esta data trouxe a “lume” a urgência de compreender o que é o Burnout, também conhecido como "esgotamento".


As pesquisas apontam que o Burnout não está exclusivamente relacionado à quantidade de trabalho, mas sim ao tipo de atividades realizadas. A sobrecarga administrativa é frequentemente citada como uma das principais causas desse esgotamento. Muitas vezes, essa sobrecarga decorre das demandas inerentes às funções exercidas, derivando do conceito de pseudo-produtividade, conforme descrito pelo professor de Ciências Computacionais e autor Cal Newport no seu livro "Slow Productivity".


Mulher no computador a entrar em burnout

O que é a Pseudo-produtividade?

O conceito de pseudo-produtividade definida por Newport, é a imagem de um trabalhador numa lufa-lufa, atolado em tarefas ao longo do dia no escritório, sem que isso represente maior produtividade ou melhores resultados. Embora o profissional esteja ocupado, a acumulação de obrigações administrativas pode acabar por gerar um efeito disruptivo. A busca por novas responsabilidades ou até o impulso de uma promoção, pode ter um impacto negativo ou até um efeito reverso.


Na realidade, essa disponibilidade para realizar mais tarefas, resulta no aumento do tempo gasto em reuniões de Zoom [intermináveis], na gestão incessante de e-mails [verificados a cada três minutos] e comprometer eventualmente a verdadeira produtividade, pois não se está a acrescentar valor. Depois de tudo é preciso “voltar” para casa, onde se deve cuidar da família, fazer compras, preparar o jantar, garantir tempo de qualidade com o(s) outro(s) e recuperar para o dia seguinte. Esta rotina é desgastante e sem dúvida perturbadora.


Sabemos que esta é a forma de trabalhar em muitas empresas, não só em Portugal, trazendo à tona o tema do presentismo. Este fenómeno refere-se ao sentimento de insegurança experienciado pelos trabalhadores, a permanecerem mais horas no local de trabalho do que o necessário ou exigido e frequentemente fomentado pelas próprias organizações e gestores.


Entretanto, a solução para esta problemática não é fácil nem rápida. As condições económicas e políticas globais influenciam a maneira como as organizações operam e, por conseguinte, a forma como trabalhamos. Para que as mudanças sejam efetivas, as organizações precisam empenhar-se de maneira significativa. Este é um problema de natureza sistémica, envolvendo o sistema económico, social e cultural, o que torna a otimização ainda mais complexa.


Então, o que podemos fazer para cuidar da nossa saúde mental e ser produtivos ao mesmo tempo?

Muitas empresas estão a começar a implementar uma cultura organizacional com medidas preventivas para mitigar a sobrecarga de trabalho, mas isso pode não ser o suficiente. É urgente [ainda que desafiador] promover uma mudança de mentalidade. As empresas precisam de valorizar quem trabalha de forma mais inteligente e focada sem precisar de estar conectado incessantemente.


Além disso, cada um de nós pode adotar estratégias dentro das nossas capacidades. Por exemplo, estabelecer limites saudáveis e aprender a dizer "não" no momento certo pode fazer toda a diferença.

Indivíduos que têm dificuldade em priorizar as suas próprias necessidades em detrimento das dos outros, tendem a sentirem-se culpados quando o fazem, funcionando num esquema de auto-sacrifício. Sentem-se muitas vezes culpados e ansiosos, por priorizar o seu bem-estar, e são extremamente sensíveis às dificuldades alheias, sentindo-se responsáveis por os ajudar. Esta dinâmica é uma das razões que levam à auto-negligência e exaustão.


Cal Newport sugere a adoção do seu conceito de produtividade lenta, pode ser uma estratégia eficaz para organizar os esforços do trabalho de forma sustentável e significativa, baseada em três princípios:

  • Faça menos coisas [sem sentir culpa, quebrando com o conceito do autossacrificio]*

  • Trabalhe num ritmo natural [não retirar horas ao sono, promovendo uma higiene de sono adequada]*

  • Focar-se na qualidade [em detrimento da quantidade]*


Reflexões finais:

  • Quais são os impactos psicológicos desta forma de trabalhar?

  • A facilidade de comunicação atual está a “atropelar” comprometendo a nossa saúde mental?

  • Qual é a nossa responsabilidade [individual] e o que podemos fazer para minimizar o impacto na nossa saúde mental?

  • Como podemos utilizar a tecnologia a nosso favor e evitar o Burnout nas organizações?


*Pergunte-me como trabalhar estas e outras questões. Marque a sua consulta comigo, posso ajudar.





Dra. Raquel Caldeira

Psicóloga Clínica e da Saúde



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